quarta-feira, 2 de maio de 2012

Bralon I

Somos nuvens que divergem na mesma direção.
- Assim, divergindo e se tocando e se soltando e se ferindo
e se afastando sem nunca se encontrar em chuva.

Nuvens imorais, sem vento que as empurre, sem Sol que as dilua.
(sem Lua, também, que as mistifique).

Está negra, a outra nuvem, pois se achou por certo em
outra nuvem e em breve choverá.

Nuvem eu, inda tão branca e perdida, se prepara,
se contorce de dor e terror, de amor, se possível é.

Choverei, e o sal de cada gota de meu sangue amargará e tingirá
o que restou do Éden.

E então venha o Dilúvio
para sempre me cobrir.


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