quinta-feira, 2 de agosto de 2012


quanta estranheza.
não entendo tua língua mas a desejo
e nem sei se a desejo como antes
antes dele te desejar depois
de mim.

quanto barulho
da minha própria boca suja
abraça ele amigo eu digo
mata ele eu digo
mas não digo.

mas tu sabe
e abraça e quer beijar
estranho tua língua já que
nunca a tive em mim.

só tua língua tua lábia
não teu lábio tua língua
estranheza que ninguém nunca entende.

poesia que ninguém vende
nem eu compro pra ti
tu não merece minha
minha estranheza
minha delicadeza rimada
sem rima delicada
sem nada.

drummond me ajuda querido
tô sem marido e criado
machado meu filho
sai do buraco
do furico do ouvidor

perdão amigo
é que perdi o rumo
sai da métrica pulei a rima
caí na cama caí na britz

estranheza.

meus pés sossegam e minha barba pede afago
meu cabelo é cacheado mas espera tu alisar
minha orelha é grande sim que mal tem
tem mais coisa aqui que é grande como ninguém

ah ginsberg safado
sai de mim salafrário
não sou teu cavalo
talvez tua égua quem sabe
ainda não me decidi
mas pra quê
vou morrer mais uma vez
já foram três querida sylvia
eu também sei contar
mas parece que tu venceu
mas chego lá

é meu destino meu wyrd
sou o próprio
o condenado
só não sou cristo coitado
não tô aqui de férias
vim só perambular

me ouve Avalokiteshvara
porque maria é virgem e não me quer
e satanás que me quer
não quero
porque a mulher que eu quero é homem
e o homem que me quer mulher

estranheza.

antes não era bom
agora sou pior
espero o fim curvado na cadeira

se passei sem tua língua
todo o resto passará

passará a me estranhar.