quanta estranheza.
não entendo tua língua
mas a desejo
e nem sei se a desejo
como antes
antes dele te desejar
depois
de mim.
quanto barulho
da minha própria boca
suja
abraça ele amigo eu
digo
mata ele eu digo
mas não digo.
mas tu sabe
e abraça e quer beijar
estranho tua língua já
que
nunca a tive em mim.
só tua língua tua
lábia
não teu lábio tua
língua
estranheza que ninguém
nunca entende.
poesia que ninguém
vende
nem eu compro pra ti
tu não merece minha
minha estranheza
minha delicadeza rimada
sem rima delicada
sem nada.
drummond me ajuda
querido
tô sem marido e criado
machado meu filho
sai do buraco
do furico do ouvidor
perdão amigo
é que perdi o rumo
sai da métrica pulei a
rima
caí na cama caí na
britz
estranheza.
meus pés sossegam e
minha barba pede afago
meu cabelo é cacheado
mas espera tu alisar
minha orelha é grande
sim que mal tem
tem mais coisa aqui que
é grande como ninguém
ah ginsberg safado
sai de mim salafrário
não sou teu cavalo
talvez tua égua quem
sabe
ainda não me decidi
mas pra quê
vou morrer mais uma vez
já foram três querida
sylvia
eu também sei contar
mas parece que tu
venceu
mas chego lá
é meu destino meu wyrd
sou o próprio
o condenado
só não sou cristo
coitado
não tô aqui de férias
vim só perambular
me ouve Avalokiteshvara
porque maria é virgem
e não me quer
e satanás que me quer
não quero
porque a mulher que eu quero é homem
e o homem que me quer mulher
e o homem que me quer mulher
estranheza.
antes não era bom
agora sou pior
espero o fim curvado na
cadeira
se passei sem tua
língua
todo o resto passará
passará a me
estranhar.